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TRIBUNA ABIER T A















              nais de vida.  Assim, qualquer política     Quadro 3 -Principais aconselhamentos promotores             39
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              destinada aos idosos deve considerar                de um envelhecimento com saúde
              sua capacidade funcional, necessidade
              de autonomia, participação, cuidado e   Prática de atividade física moderada e regular; Alimentação saudável;
              autossatisfação.                   Não fumar; Consumo moderado de álcool; Promoção de fatores de
                 Em Portugal, a Constituição da Re-  segurança; Manutenção da participação social que são aspectos indis-
              pública, no seu artigo 72º, reconhece e   sociáveis; Reduzir as incapacidades, numa atitude de recuperação
                                                 global precoce e adequada às necessidades
              defende a dignidade da pessoa humana   individuais e familiares;
              no que refere à população idosa, refe-  Envolver a participação da comunidade, numa responsabilidade par-
              rindo que:                         tilhada, potencializadora dos recursos existentes e dinamizadora
                 Pessoas idosas têm direito à segu-  de ações cada vez mais próximas dos cidadãos e que consigam sua
              rança económica e a condições de habi-  adesão.
              tação e convívio familiar e comunitário,   Fonte: DGS (2004)
              que respeitem a sua autonomia pessoal
              e evitem e superem o isolamento ou a
              marginalização social.
                 Num estudo realizado por Quaresma   maior qualidade de vida (Cabral, et al.,   próprios idosos, familiares, profi ssionais
              (2008, p. 26) a autora concluiu que, para   2013).                  de saúde (Jacob Filho, 2009).
              a concretização das expectativas para a   De acordo com os dados demográ-  Pelo exposto, o desenvolvimento de
              promoção de um envelhecimento sau-  fi cos analisados no ponto anterior, e se-
              dável, é fundamental:             gundo os estudos de Cabral, et al. (2013),   políticas direcionadas para o envelheci-
                 Ter acesso à vigilância periódica de   é necessário conscientizar as gerações   mento é uma resposta necessária para
              saúde, ter informação, ter ocupação e   mais jovens de que, no futuro, serão elas   garantir uma população ativa e saudável
              poder permanecer na sua casa mesmo   a estar no lugar dos idosos de hoje, e que   no futuro (Quaresma, & Ribeirinho,
              em situações de dependência" e as   podem contribuir para a construção de   2016). A esse respeito, Nunes (2017, p.
              "actividades ocupacionais, mais convívio   uma sociedade promotora de iniciativas   147) ratifi ca:
              e melhor capacidade de escuta e de re-  que integrem a pessoa idosa.   O modo ideal de envelhecer é aquele
              lação da parte dos profi ssionais.   O termo  “saudável” associado ao   em que a pessoa consegue viver o mais
                 Como solução, vários autores, grupos   envelhecimento, de acordo com a OMS   tempo possível, de forma autónoma e
              de trabalho e organizações de saúde têm   (2015) remete para o setor da saúde não   saudável, na sua residência e com saúde.
              defendido a promoção de um envelheci-  apenas na assistência e no acompanha-  Mesmo existindo ainda muito para
              mento ativo e saudável como a melhor   mento, como também na prevenção (há-  fazer no sentido de promover o envel-
              forma de dar resposta aos desafi os   bitos de vida saudáveis) e na educação   hecimento ativo e saudável em Portugal,
              relacionados com o envelhecimento po-  em saúde. Esse conceito é descrito por   existe já um reconhecimento interna-
              pulacional (EIPAHASG, 2011; DGS, 2004;   Nunes (2017, p. 147) como:   cional de alguns desenvolvimentos rea-
              OMS, 2012).                          uma consequência da menor pre-  lizados. Segundo a United Nations Eco-
                 A própria defi nição de envelheci-  valência de doenças crônicas e da inci-  nomic Comission for Europe & European
              mento ativo, segundo a Organização   dência de doenças agudas que derivam   Comission (Unece, 2015), entre a Europa
              Mundial de Saúde (OMS, 2002), refere-  da debilidade da saúde e de práticas e   com 28 países, Portugal destacou-se em
              se ao estímulo à participação da pessoa   comportamentos de risco.   alguns indicadores. O quadro 2 apre-
              idosa na vida social, cívica, económica da   A promoção do envelhecimento   senta os principais resultados:
              sociedade, e representa uma oportuni-  ativo, de forma saudável, com autonomia   Tendo em conta as principais causas de
              dade para a saúde, que permite reformar   e independência, é ainda hoje à respon-  morte e de limitação da qualidade de vida
              os processos de resposta às suas neces-  sabilidade individual e coletiva, com tra-  no idoso, apresentadas no ponto anterior,
              sidades. Neste processo é fundamental   dução signifi cativa no desenvolvimento   é uma prioridade para a Direção-Geral da
       ENLACE EN RED 31  parceria com a família na busca por uma   que garante valor acrescentado para os   mover a sensibilização da população para
                                                                                  Saúde promover o exercício físico e pro-
                                                económico dos países (DGS, 2004, p.3),
              o contributo de toda a sociedade em
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